Amar é sonhar, é sobretudo acreditar, ter fé e como tal não pode buscar explicações na razão. Racionalizar o amor é dar espaço para dúvida e o amor não admite – nem perdoa – incrédulos. É claro que temos que pensar no futuro, na viabilidade mas temos que perceber que lutar a favor é muito mais fácil e inteligente, que encontrar um amor é ter a certeza de que você recebeu um presente de valor inestimável, o qual só poderá pagar tornando-se você mesmo um companheiro de verdade, sendo você também adepto – e praticante – do amor transparente, lúcido. Amar é dividir o pouco que se tem e desejar ter mais apenas para dividir mais. É querer vivenciar em dois todas as coisas desse mundo. É querer viver no outro, e com o outro dentro de si. É esquecer de todas as demais pessoas do mundo, pois somente uma única te interessa. É sair cedo já pensando em retornar, e abrir mão das suas coisas para viver as do casal. É acreditar que viverão juntos para sempre e que cada um fará sua parte para que isso aconteça.
Porém, se é tão bonito assim, por que nossos olhos vêem traições, nossos ouvidos escutam mentiras e nossos corações disparam sem razão no meio da tarde por insegurança? Por que ficamos esperando aquela língua maldosa nos dizer coisas horríveis sobre quem amamos? Por que nosso mundo se tornou um lugar tão frio, onde amar o outro com toda força da alma é sinal de fraqueza, de submissão, de tolice? Porque temos tanto medo de dizer eu te amo? Precisamos de justificativas tão tolas quanto nosso medo, precisamos acreditar que “quando a esmola é grande o santo desconfia” e a vontade de procurar “chifre em cabeça de cavalo” acaba sendo maior do que a vontade de amar .
Precisamos urgentemente voltar a sonhar e a acreditar que o verdadeiro amor existe e que somos dignos dele e a ficar em silêncio para dar ouvidos ao nosso coração que quase roco somente nos pede um instante para ser ouvido.
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